por André Luís Colla
A ideia de que o abdômen é o core do corpo já esta ultrapassada. Não interessa qual é o problema, o convencional era “fortaleça seu core, faça abdominais”. Os exercícios tradicionais utilizados para reabilitação afetam duramente a coluna. A verdade é que se focarmos apenas em fortalecer o abdominal acabaremos por enfraquecer os músculos das costas que dão suporte e movem a coluna.
Grupos musculares trabalham de maneira equilibrada, quando um grupo se contrai o outro relaxa e alonga. Por exemplo, se você inclinar para frente, seus músculos das costas se alongam e seus abdominais se contraem.
Todos os músculos da lombar estão constantemente contraídos para manter o alinhamento das vertebras. A contração do abdominal coloca ainda mais stress neles. Quando estes músculos começam a fadigar, ou existe um excesso de pressão, o resultado é dores nas costas.
Nosso quadril é designado para ser nosso centro de movimento, mas da forma como vivemos atualmente restringindo nossos movimentos naturais e permanecendo sentados boa parte do tempo, acabamos por utilizar a lombar como nosso principal gerador de movimento. Nossa coluna não experimenta mais mudanças de posição e diferentes tipos de stress como fazias décadas atras. O stress na coluna é constante quando nos sujeitamos a ficar longos períodos sentados ou flexionados. Estas posturas utilizam a frágil lombar como centro gerador de movimento e aplica muita pressão no ponto problemático.
Nosso estilo de vida sedentário é uma das razoes que nos levam a apresentar com frequência a rigidez e dores nas costas. Não é apenas ficar sentado por longos períodos que aumenta a pressão nas suas costas, o estilo de vida sedentário afeta a circulação, depletando o oxigênio dos músculos das costas. Após sentar em frente ao computador por horas sem levantar para se mover, seus músculos podem sofrer de deprivação de oxigênio. Eles irão se contrair de forma dramática e o resultado será espasmo muscular e dores nas costas.
Quando sua coluna fica flexionada ou inclinada a frente por um longo período de tempo, você esta estressando todas as estruturas da coluna, incluindo as articulações, ligamentos e músculos. Eventualmente, seu corpo se adapta a este stress resultando na perda de mobilidade e degeneração nas suas articulações e mudanças nos discos intervertebrais.
O treinamento deve ensinar as pessoas a se moverem da forma como o corpo deve se mover. Estamos falando sobre os padrões primitivos de movimento. Se observarmos uma criança agachada no chão, observaremos que ela mantem a coluna reta enquanto os quadris estão dobrados e a cabeça erguida. Esta é um exemplo perfeito de um ótimo padrão de movimento.
Devemos ensinar os exercícios de forma a integrar o movimento com outros segmentos corporais. Ensinar por exemplo que os isquiotibiais e os glúteos são músculos próprios para realizar uma potente extensão do quadril, movimento que auxilia por exemplo na corrida e no arremesso.
O equilíbrio entre muitos musculos pequenos é essencial para uma coluna saudável, liberdade de movimento e amplitude máxima de movimento.
Se você não estiver se movendo adequadamente, sua coluna não manterá suas curvaturas naturais e os seus glúteos não se contrairão adequadamente. Quando eles não se contraem, a coluna não estará preparada, os isquiotibiais não estarão alongados, os quadríceps estarão trabalhando muito duro e você colocara muita pressão nos seus joelhos. Se sua coluna estiver flexível, todo o seu peso sera deslocado para a frente sobre muitas articulações fracas do corpo ao invés de ficar sobre os musculos grandes e fortes do quadril. Quando as articulações do quadril não absorvem a força que elas deveriam absorver, aquele stress sera direcionado para o joelho ou para a coluna.
O core é muito mais que músculos específicos, o core é a transferência de energia de um ponto a outro sem a perda desta. Quando mais os músculos souberem acelerar e desacelerar sem perder de energia mais o core será forte, ou melhor, eficiente.
O core vai da ponta do dedos do seu pé até às demais extremidades, existem músicos chaves, mas estes precisam se relacionar com todos os outros em harmonia para que o movimento ocorra de forma eficiente e segura.