Dor no pescoço e nos ombros afeta uma grande porcentagem da população. As dores podem não só atrapalhar a capacidade de as pessoas exercitarem-se de forma eficaz, como também afetar negativamente atividades diárias, como dirigir, trabalhar no computador, praticar esportes e até mesmo dormir (Yamamoto, 2010). Neste artigo você vai aprender duas avaliações práticas para identificar as causas mais comuns de dor no pescoço e nos ombros e algumas estratégias simples de exercícios de correção que você pode integrar no seu programa de treinamento pessoal para ajudar você e o seu cliente a se sentir e funcionarem melhor.
Objetivos de aprendizado
1. O leitor irá aprender sobre as duas causas mais comuns de dor no pescoço e nos ombros;
2. O leitor irá aprender duas avaliações para identificar a causa mais comum de dor no pescoço e nos ombros;
3. O leitor irá aprender uma série de exercícios corretivos para aliviar a dor no pescoço e nos ombros.
Avaliando o ombro
A articulação glenoumeral é formada onde a extremidade do braço (ou seja, úmero) articula-se na cavidade glenoide (uma estrutura em forma de taça achatada que ministra a parte do soquete da bola e a articulação soquete do ombro) (ver Figura 1) (Gray, 1995).
A articulação glenoumeral é altamente móvel e permite o movimento do(s) braço(s) na maioria das direções. Um desses movimentos em particular (rotação interna) é necessário em uma base diária para inúmeras atividades, como dirigir, balançar os braços ao caminhar, correr, digitar em um teclado, realizar flexões, supino, prensa com halteres, cozinhar e jogar a maioria dos esportes que exigem segurar uma raquete, como tênis, golfe e baseball (Price & Bratcher, 2010).
Figura 1: Ossos dos ombros
Enquanto o braço tem de ser capaz de rodar internamente, a escápula deve permanecer relativamente estável durante esses movimentos. Essa estabilidade ajuda a formar uma boa base de apoio para a glenoide para que então o braço possa rodar livremente. Entretanto, se restrições no braço ou no ombro impedirem o braço de se mover livremente, a escápula pode tornar-se desestabilizada e mover excessivamente para compensar a falta de amplitude de movimento do braço. Com o tempo, o movimento excessivo da escápula pode levar a tensão aos músculos que ajudam a mover a escápula, como os romboides, elevador da escápula e trapézio. A posição desses músculos na parte superior das costas, dos ombros e do pescoço pode significar uma disfunção na articulação/dor que pode se manifestar nessas áreas. (Cock, 2010).
Avalição sobre a palma da mão na parede
Esta avaliação é utilizada para avaliar a habilidade de o braço girar internamente (ver Figura 2).
Treine seu cliente para que fique afastado na distância do seu braço da parede e de frente a ela. Instrua-o a elevar o braço esquerdo e colocar a palma da mão esquerda na parede com o braço reto e os dedos apontando para cima. Faça-o retrair e deprimir o ombro esquerdo e manter seu braço esticado como se ele fosse virar lentamente o corpo para longe da parede. Ao se virar, mantenha sua mão no ombro esquerdo dele para se certificar de que o ombro permanece deprimido e retraído (isto é, estável). Fale para seu cliente parar de virar assim que a escápula esquerda se movimentar ou quando o braço esquerdo curvar. Se ele for capaz de girar 90° com sucesso a partir da parede sem sua escápula se movimentar ou o braço curvar, prossiga para a próxima parte desta avaliação (ver abaixo). No entanto, se ele for incapaz de girar seu corpo 90° sem compensação, você sabe que ele primeiro precisa de exercícios para relaxar os músculos do braço e do ombro para criar mobilidade na articulação glenoumeral e/ou nos exercícios de fortalecimento para ajudar a estabilizar a escápula antes de avançar.
Figura 2: Avaliação sobre a palma da mão na parede
Uma vez que o seu cliente consiga girar o corpo 90° a partir da parede sem mover a escápula ou curvar o braço, ensine-o a rodar o pulso esquerdo, o antebraço e a parte de cima para baixo (ou seja, rodar internamente) sem curvar o braço ou mover a escápula. Avalie o quanto ele consegue rodar internamente o braço. Peça pelo feedback sobre qual parte do corpo ele sente mais restrita ou deficiente ao realizar esse movimento. Muitas pessoas podem relatar uma sensação de tensão nos músculos do braço, enquanto outras talvez indiquem uma incapacidade de manter a escápula estável. Utilize esse feedback para pensar o que é mais apropriado para o programa do seu cliente: o uso de exercícios de auto liberação miofascial e exercícios de alongamento para ajudar a aliviar a tensão, ou exercícios de fortalecimento para ajudar a estabilizar a escápula. Executar essa avaliação nos dois braços.
Avaliando o pescoço
Existem mecanismos valiosos contidos na nossa cabeça (por exemplo: o sistema vestibular e os olhos) que nos ajudam a manter o equilíbrio quando nos movimentamos. Entretanto, as presenças de desequilíbrios musculoesqueléticos em outras áreas do corpo precisam que nossa cabeça ajuste constantemente para compensar esses desalinhamentos. Por exemplo, alguém com um pé, tornozelo, joelho ou quadril dolorido de um lado do corpo pode mudar o peso para o outro lado do corpo para tirar o estresse da parte lesionada/dolorida. Essa distribuição de peso desigual muda a posição da pélvis e a base da espinha, o que significa a cabeça (e o pescoço) também mudarão de posição para manter o corpo equilibrado. Desequilíbrio no pescoço e na cabeça pode causar dor não só nessas áreas, mas também nos ombros e na parte superior das costas, já que o pescoço e a parte superior das costas estão conectados através de vários músculos (por exemplo, os músculos do trapézio superior conectam as escápulas ao pescoço e à cabeça, o músculo levantador da escápula conecta a escápula ao pescoço).
Curvatura lateral do pescoço.
Esta avaliação é utilizada para avaliar a posição do pescoço e da cabeça (ver Figura 3).
Instrua seu cliente a sentar na cadeira com os pés firmemente no chão. Coloque suas mãos gentilmente nos ombros dele e oriente-o a curvar o pescoço para a direita como se estivesse tentando tocar sua orelha direita sobre o ombro. Assim que ele realizar esse movimento, gentilmente empurre para baixo seus ombros para que ele não os encolha e oriente para que ele não rode a cabeça para frente ou para trás. (Esta avaliação é designada para avaliar o movimento no plano frontal: isto é, uma curvatura lateral do pescoço apenas). Faça seu cliente curvar o pescoço e a cabeça para ambos os lados e avalie qual direção/lado ele acha mais fácil. Se achar que é mais fácil curvar para a esquerda, isso indica que o pescoço é normalmente curvado nessa direção. Se ele achar mais fácil curvar o pescoço e a cabeça para a esquerda, isso indica que o pescoço é normalmente curvado para a esquerda. Em ambos os casos, uma curvatura no pescoço significa que sua cabeça está fora de alinhamento também. Os resultados desta avaliação podem ajudar você a escolher uma auto liberação miofascial e exercícios de alongamento para o lado do pescoço que é restrito. Realizar essas restrições criará um movimento mais equilibrado do pescoço e da cabeça, será o centro de ajuda das estruturas sobre a espinha, pélvis e pernas e diminuirá a dor no pescoço e nos ombros.
Figura 3: Curvatura lateral do pescoço