por LaRue Cook | Data de Publicação : 28 set 2017
A habilidade atlética da desaceleração é uma das mais ignoradas e menos apreciadas no treinamento esportivo. Porém, ela também é um dos aspectos mais importantes de um programa de desempenho atlético bem feito. O assunto da desaceleração no esporte é extenso e está relacionado com o desempenho da parte superior e inferior do corpo. Neste artigo, nós veremos a desaceleração com relação à parte inferior do corpo e prevenção de lesões.
Como dizem nos esportes, “velocidade mata”. O atleta mais rápido e veloz geralmente é considerado o atleta superior na maioria dos esportes. Mas, é focando no outro lado da moeda da velocidade – Desaceleração – que um treinador pode tornar um atleta mais eficaz e mantê-lo seguro.
Velocidade, com relação ao esporte, pode ser vista de duas maneiras – Velocidade Bruta e Velocidade Efetiva. A maioria dos treinadores está familiarizado com os parâmetros da Velocidade Bruta através do teste combinado da corrida de 40 jardas. Este tipo de velocidade direta pode ser efetiva como uma ferramenta de testes, ou em um esporte como a corrida, serve como uma verdadeira medida do desempenho atlético. Mas em esportes que exigem paradas e inícios rápidos, cortes e outras mudanças de direção, a velocidade bruta tem pouca relação com o verdadeiro desempenho atlético. Velocidade Efetiva – que está mais alinhada com o teste de corrida e parada – descreve o tipo de velocidade funcional necessária na maioria dos esportes. Mudança de direção e desaceleração são componentes chaves de tais esportes, como tênis, basquete e futebol. A desaceleração é um atributo que permite que o atleta desacelere ou pare enquanto desempenha uma habilidade atlética, como fazer uma cesta ou um ponto (Hewitt et al., 2011). Por exemplo, um jogador de basquete correndo na corte durante um sprint precisa ter a habilidade de desacelerar e converter com segurança essa velocidade horizontal em um salto vertical. Se o atleta for incapaz de deixar seu corpo e momento sob controle efetivamente enquanto desempenha a habilidade atlética, ele pode errar a cesta, ou pior, se lesionar. A desaceleração requer uma contração excêntrica dos músculos enquanto absorve as forças criadas pela aceleração do corpo. Então vamos dar uma olhada em alguns componentes chaves de treino que afetam a habilidade do atleta de desacelerar com relação à velocidade efetiva e prevenção de lesão.
Controle do Centro de Gravidade [COG] Com Relação à Base do Suporte [BOS]
O COG deve estar localizado em algum lugar próximo ao umbigo do atleta. Onde ele fica determina aonde vai o momento do atleta. A BOS do atleta é onde o corpo do atleta entra em contato com o chão, ou seja, os pés quando o atleta está em pé. Em termos gerais, quando o COG move para frente da BOS, o atleta irá acelerar nessa direção. E quando o COG do atleta estiver atrás da BOS, o atleta irá desacelerar ou até mesmo parar. Então, no treinamento de aceleração, ter o COG movendo para frente na direção da ação pretendida ajudará o atleta a acelerar. Uma analogia que eu gosto de usar é observar alguém andando em uma subida. Para poder acelerar seu corpo e continuar movendo para frente, ao invés de cair de costas para baixo, a pessoa precisa se inclinar para frente, fazendo seu COG se mover na frente da BOS para ajudar a subir. A aceleração também requer a produção de grandes quantidades de força, providenciada principalmente através da contração concêntrica da musculatura da parte inferior do corpo.
Por outro lado, para desacelerar quando estiver andando em uma descida, a pessoa “freia” trazendo seu COG para trás de sua BOS, em outras palavras, se inclinam levemente para trás para evitarem perder o controle na descida. Esse freio ou desaceleração requer uma redução nas forças criadas pela aceleração na descida e é produzida por um alongamento, ou contração excêntrica dos músculos da parte inferior do corpo. Autores que relatam estratégias de prevenção de lesões sugerem que há uma forte relação entre as reações excêntricas dos músculos – desaceleração – e as lesões (LaStayo et al., 2003; Jeronimo & Pelot, n.d.).
Embora este exemplo de subida e descida seja ilustrativo para o posicionamento do corpo necessário para acelerar ou desacelerar efetivamente, em um esporte que requer múltiplas mudanças de direção, o atleta precisa estar preparado para re-acelerar rapidamente para a próxima ação após desacelerar e realizar sua habilidade atlética. Esta habilidade de dissipar as forças de aceleração para desacelerar ou parar, afetar uma habilidade atlética, e depois rapidamente re-acelerar é conhecida como Força Reativa. A Força Reativa incorpora a habilidade de converter rapidamente do alongamento muscular ou contração excêntrica necessária para a desaceleração para o encurtamento muscular ou contração concêntrica necessária para re-acelerar. Então, como isto se relaciona com o treinamento e prevenção de lesões?
Treinamento Para Força Reativa e Prevenção de Lesões
Como a força reativa envolve a habilidade do músculo de converter rapidamente de uma contração de alongamento ou excêntrica; para uma contração de encurtamento ou concêntrica, o treinamento pliométrico é essencial para este tipo de construção de força. O treinamento pliométrico recruta o Ciclo de Alongamento-Encurtamento que treina o atleta para se recuperar rapidamente de uma desaceleração para uma aceleração, enquanto desenvolve poder ao mesmo tempo.
Vamos dar uma olhada no tênis – um esporte que requer múltiplas paradas, começos e mudanças de direção. A parte inferior do corpo de um atleta do tênis deve estar preparada para fazer múltiplas desacelerações lateralmente, para frente e para trás durante uma partida típica. Com relação ao desempenho esportivo, o atleta não só deve ter a habilidade de chegar até a bola de tênis, mas assim que chegar nela, deve fazer a raquetada, frequentemente em uma posição corporal estranha. Se o atleta for incapaz de desacelerar ou até mesmo parar para se posicionar adequadamente para a raquetada, ele pode perdê-la, ou mesmo se conseguir, pode ser em uma posição ruim para se recuperar para a próxima jogada. Com relação à prevenção de lesões, se o atleta não for capaz de controlar adequadamente seu COG ou de dissipar e reproduzir as forças envolvidas na aceleração e desaceleração, uma tensão em suas articulações poderia resultar em lesões (Kovacs et al., 2008).
Uma das melhores formas de ajudar seu atleta a desenvolver ou melhorar sua habilidade de desacelerar efetivamente e, portanto, reduzir seu risco de lesão é através do treinamento pliométrico (Davies et al., 2015). Como um dos objetivos do treinamento pliométrico é melhorar a habilidade do atleta de produzir força ou poder, um subproduto necessário desse treinamento é aprender como aceitar com segurança as forças criadas, o que se relaciona à prevenção de lesões. O ciclo de alongamento e encurtamento do treinamento pliométrico ensina seu atleta a produzir-absorver-redirecionar-e aplicar as forças necessárias de uma maneira segura e eficiente. Ao variar o tipo de pliometria usada, as condições sob as quais o atleta trabalha, e variáveis como o tempo do ciclo de alongamento-encurtamento, você pode ajudar a preparar melhor o atleta para lidar com os padrões imprevisíveis que eles enfrentarão no campo durante o jogo.
Embora o treinamento pliométrico seja frequentemente citado por sua habilidade de melhorar o potencial de poder de seu atleta, ele também serve com o propósito de treinar seus músculos para lidarem com poderosas contrações excêntricas de uma forma que ajuda a melhorar sua habilidade de desaceleração e a habilidade de resistir a lesões.
Referências
LaStayo, P.C., Wolf, J.M., Lewek, M.D., Snyder-Mackler, L., Reich, T., & Lindstedt, S.L. (2003). Eccentric muscle contractions: Their contribution to injury , prevention, rehabilitation and sport. Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy, 33(10), 557-571.
Hewit, J., Cronin, J., Button, C., & Hume, P. (2011). Understanding deceleration in sport. Strength and Conditioning Journal, 33(1), 47-52.
Kovacs, M.S., Roetert, P.E., & Ellenbecker, T.S. (2008). Efficient deceleration: The forgotten factor in tennis-specific training. Strength and Conditioning Journal, 30(6), 58-69.
Jeronimo, L., & Pelot, T. (N.D.). Rate of force acceptance as an injury prevention strategy in athletic populations. Retrieved from: http://www.xlathlete.com/xl/events/Rate%20of%20Force%20Acceptance%20as%20an%20Injury%
20Prevention%20Strategy%20in%20Athletic%20Populations.pdf.
Davies, G., Riemann, B.L., & Manske, R. (2015). Current concepts of plyometric exercise. The International Journal of Sports Physical Therapy, 10(6), 760-786.