Não há nada mais frustrante para um treinador de força ou personal trainer do que um cliente ou atleta que tenha um problema persistente ou uma lesão. Não é o papel de nenhum dos dois citados tratar essas lesões. Contudo, o profissional do exercício, muitas vezes, encontra-se nessa situação devido à falta de educação fornecida pela profissão médica. Deve-se salientar que isso não justifica praticar a profissão sem uma licença. Na maioria das situações, com um pouco de procura e uma lista de contatos criativos, bons personais e treinadores podem encontrar profissionais médicos que estão dispostos a participar de uma filosofia “funcional” para o tratamento e prevenção de lesões. Personal trainers e treinadores de força estão em uma posição excelente para ajudar a orientar esse processo sem tentar tratar a lesão.
Como fisioterapeuta e especialista credenciado em ortopedia, estou impressionado cada dia mais com a duração de tempo que os pacientes, atletas e clientes tiveram que lidar com irritantes problemas desnecessários e lesões não resolvidas. Eles chegam e passam nossos primeiros 20 minutos juntos me falando todas as coisas que não os ajudam. Nessas situações, eu geralmente me acho no papel de solucionador de problemas, e parece que na maioria dos casos as soluções não são tão complicadas.
Problemas crônicos, tais como tendinites, bursites, estirpes ou entroses nem sempre são resultados de uma lesão. Muitas vezes, problemas no joelho, tornozelo, ombro e costas surgem sem um trauma específico, e, em certos casos, exercícios parecem agravar o problema. É importante que, quando confrontado com esses tipos de problemas, você seja capaz de ajudar clientes a serem disciplinados e bem informados quando procurarem tratamento para uma lesão musco-esquelética. Há duas regras fundamentais que sempre deveriam ser praticadas em medicina física.
Em primeiro lugar, fisioterapeutas são treinados a usar comparação bilateral ao avaliar uma lesão musco-esquelética; isso significa avaliar não apenas o lado ferido ou envolvido, mas mapear completamente discrepâncias entre o lado envolvido e o não envolvido. Sempre me divirto com meus pacientes e atletas quando vou pegar o joelho ou ombro não envolvido e eles dizem “Espere um minuto, é o outro lado que dói.” Eu digo, rindo, “Você gostaria de comparar o ombro ou joelho com o de quem, o seu ou de outra pessoa?”.
Esse tipo de comparação permitirá o clínico mapear completamente a amplitude de movimento acessível, tônus muscular e testes adequados de estresse sobre a articulação não envolvida em questão, antes de testar o lado não envolvido. Isso me ajuda a decidir quais disfunções podem ter sido pré-existentes e quais delas têm surgido desde que o problema se fez presente.
A segunda regra da ortopedia é de sempre evidenciar as articulações superiores e inferiores. Isso significa que, se alguém se apresenta com um problema no joelho, é responsabilidade do clínico avaliar a função do lado do quadril e tornozelo envolvido e não simplesmente compará-los com o joelho oposto. Pelo menos uma vez por mês, um atleta jovem que já fez uma cirurgia no joelho aparece na minha clínica não entendendo o porquê da cirurgia não ter curado seu problema. Esses jovens, na verdade, apresentam os mesmos sintomas que tinham antes da cirurgia, entretanto, agora há três buracos extras em seus joelhos para combinar com o problema não resolvido.
Durante minha avaliação nessas situações, é incomum identificar significante flexibilidade ou força no quadril ou tornozelo do joelho envolvido. É bastante comum para o atleta ter de reduzir a dorsi-flexão do tornozelo, o que torna o músculo gastrocnêmio/sóleo ineficaz em movimentos de desaceleração; Pliometria e desaceleração rápida contam com, pelo menos, um alongamento rápido para iniciar uma contração muscular nos flexores plantares. Se a flexibilidade é reduzida, então como o alongamento ocorre? Em muito desses tipos de situações, o problema no joelho vai se resolver espontaneamente, abordando os desequilíbrios musculares e problemas de flexibilidade no quadril e no tornozelo.
Agora é minha responsabilidade explicar para o jovem atleta como o joelho é uma re-lesão que ocorreu a partir do dia em que ele voltou às atividades com o tornozelo e o quadril disfuncionais. Essas mesmas discrepâncias são notadas em clientes e atletas com problemas crônicos nos ombros. Eles podem ter tido extensa avaliação por um médico, incluindo um exame de ressonância magnética do ombro, e ainda assim pode ser que ninguém tenha olhado para a mobilidade da coluna torácica, para rotação, extensão e flexão. Os estabilizadores da escápula não podem funcionar normalmente porque sua relação comprimento-tensão é comprometida sempre que a coluna torácica não pode posicionar-se adequadamente para atividades.
Eu não aconselho que personal trainers e treinadores de força realizem exames físicos dessa natureza. Porém, eu sinto que a exame do movimento é completamente dentro do âmbito profissional e responsabilidade desses dois profissionais. A avaliação funcional do movimento (FMS) (Funcional Movement Screen) só é feita para mapear movimentos funcionais padrões, limitações e assimetrias. Um teste funcional mais envolvido é chamado de Avaliação Seletiva Funcional do Movimento (SFMA), que é realizado por um fisioterapeuta, quiroprático ou médico para chegar a um diagnóstico funcional; quando movimentos funcionais fundamentais são encontrados em falta em indivíduos que desejam treinar e exercitar, podem surgir problemas.
Você pode ter as melhores técnicas de ensino e o melhor programa de treino no mundo, mas se atletas trouxerem padrões de movimentos pobres para seu programa, eles, inevitavelmente, vão compensar. Esses movimentos compensatórios vão realmente ajudar a recorçar os problemas deles. O resultado será a “mecânica pobre”, a qual pode levar a um micro trauma, reduzir a eficiência muscular, aumentar a fadiga e empobrecer a propriocepção. Simplesmente examinar os movimentos fundamentais ajudará a orientar os fisioterapeutas e médicos quando for necessário fazer um encaminhamento médico.
É interessante notar que tanto os atletas que possuem um agachamento completo e ilimitado quanto aqueles que possuem um agachamento profundo extremamente restrito mecanicamente podem possuir a mesma quantidade de dor femoropatelar ou tendinite no joelho. Essa informação é importante porque identifica a diferença entre um programa de estabilidade e um programa de mobilidade. Realizando simplesmente uma avaliação do movimento você não só começa a mapear quais movimentos estão dentro dos limites funcionais e quais estão extremamente fora, mas também tem a oportunidade de observar quais movimentos provocam sintomas. Muitas vezes, os clientes não têm conhecimento de um problema porque eles automaticamente evitam movimentos problemáticos.
Eu sinto que o futuro dos profissionais fitness depende da habilidade deles de rastrear responsavelmente a avaliação de movimentos padrões fundamentais e procurar por discrepâncias. Pesquisar nos mostra quais desequilíbrios entre a função esquerda e direita se correlacionam com uma lesão. Conhecendo isso, se aumentarmos o nível de atividade com alguém que tem assimetrias funcionais entre o lado esquerdo e direito do corpo, maiores compensações e substituições serão necessárias para executar até mesmo o mais simples exercício de movimento. É essa informação e pesquisa que me levou a olhar para o corpo humano de uma forma diferente, desenvolver a avaliação de movimento funcional e ferramentas para exames de movimentos funcionais.
Profissionais do exercício precisam criar relações profissionais com um médico que trabalhem nos dois sentidos, fitness e um profissional condicionado. O resultado final terá maior cuidado consciente no conhecimento com atletas e clientes. A pesquisa irá mostrar que medidas de alinhamentos estruturais estáticos não são objetivas com previsão de problemas de movimento funcional. Exames e avaliações que envolvem movimentos funcionais fundamentais não apenas servem para corrigir exercícios, mas também é considerado como uma forma mais consistente e confiável de examinar indivíduos desejando participar de exercícios e competição. Administração bem sucedida de lesões em exercícios é o melhor a se fazer para prevenção. No entanto, no momento que lesões e problemas surgem, uma abordagem objetiva e consistente para mapear os problemas funcionais que existem talvez sirva para clarear as causas e curar para aqueles pequenos problemas irritantes que parecem sempre aparecer no treinamento.
Texto retirado do site
www.ptonthenet.com