Educação financeira: especialista aponta erros dos brasileiros quando o assunto é poupar dinheiro

Annalisa Dal Zotto defende que o assunto seja debatido com as crianças, desde as escolas

O brasileiro é desorganizado nas finanças, gasta mais do que ganha e faz investimentos inadequados quando consegue poupar. Sócia fundadora e diretora geral da Par Mais Empoderamento Financeiro, Annalisa Dal Zotto diz que o cenário é resultado, principalmente, da falta de informação. Gestora de patrimônio de empresas e pessoas, Annalisa defende que o assunto seja debatido pelas crianças já nas escolas.  “Só 30% dos brasileiros economizam alguma coisa”, afirma a empresária, que na palestra “Faça seu dinheiro trabalhar por você”, dá dicas pontuais para ajudar interessados em equilibrar as contas pessoais. “É um trabalho de sensibilização”, afirma.

Quais os principais recados que a senhora procura dar na palestra “Faça seu dinheiro trabalhar por você”?
A gente não usa “financês” ou economês, já que o público não é economista. São pessoas que querem se organizar financeiramente, querem melhorar, que têm interesse em conhecer um pouco sobre finanças. No Brasil, a gente tem um problema sério: ninguém estuda isso na escola. Nem como a gente administra o dia a dia, muito menos como fazer para o dinheiro trabalhar para a gente. O objetivo é falar um pouco do que é bom e o que é ruim. Como é que uma pessoa que trabalha muitas horas pode fazer para não perder dinheiro? Vivemos uma situação de inflação no Brasil que corrói o poder de compra e faz com que as pessoas tenham que considerar algumas coisas.

A senhora comentou que na escola as crianças não têm noções sobre administração do dinheiro na escola. De modo geral, não se têm a ideia, então, de que o poder público precisa arrecadar para ter recursos – o dinheiro não cai do céu – e que os pais pagam as contas com dinheiro “suado” do trabalho?
Sim, e a gente tem que ensinar isso. E o governo não pode gastar mais do que ganha, assim como em casa. Muitas famílias administram melhor suas finanças do que o governo vinha fazendo. O governo gastava muito mais do que pode gastar, por isso estamos numa situação de inflação e taxa alta de juros  – o que é muito ruim para quem precisa pegar dinheiro emprestado e muito bom para quem tem dinheiro sobrando e pode fazer boas aplicações.  Mas tem que considerar uma série de fatores, e é sobre isso que a gente conversa. E também sobre juros compostos, títulos públicos, caderneta de poupança etc. É uma palestra de sensibilização, com dicas bem pontuais.

Ao contrário do senso comum, a senhora fala que não precisa de muito dinheiro para se investir, é isso? Esse é um dos principais mitos que envolvem investimentos financeiros.
Não precisa mesmo. O investidor pode comprar títulos públicos a partir de R$ 30,00 por mês. O maior mito é achar que título público tem risco e que poupança não tem. É ótimo emprestar dinheiro para o governo. Não tem risco.

O brasileiro não costuma se preocupar muito com o futuro financeiro?  Pensa mais no hoje e deixa o amanhã para depois?
Exato: 30% dos brasileiros poupam, economizam alguma coisa. E isso é muito ruim. A gente tem um problema cultural. Somos “novos ricos”, como a índia e a Rússia, países que começaram a ter as coisas para comprar. Então a gente compra, fica enlouquecido pelo consumo  e  não sabe se organizar, se endivida facilmente, paga juros e não sabe quanto está pagando. É uma epidemia. A falta de informação traz muito problema.

Basicamente, a gente gasta mal o dinheiro que ganha e investe mal quando consegue guardar?
Sim. É trágico. Tenho uma certificação internacionalmente reconhecida, a CFP (Certified Financial Planner), pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros, do qual sou embaixadora em Santa Catarina. Em 2010 eram 600 no Brasil. Hoje, são uns 4 mil e a maioria  trabalha com grandes bancos. Não tem independentes. Nos Estados Unidos é uma profissão reconhecida. Todo mundo tem assessor financeiro. É como ter um personal trainer de academia, uma nutricionista, um psicólogo. Minha missão como embaixadora é fomentar essa cultura e popularizar isso. Planejamento financeiro pessoal é minha grande paixão. Porque vejo quanto isso muda a relação da pessoa com o dinheiro. Elas passas a conhecer muitas coisas e isso muda. É uma das profissões mais desejadas nos Estados Unidos por causa disso.

Na consultoria pessoal uma das perguntas feitas aos clientes é “tudo o que você compra você realmente precisa”?
A primeira área do planejamento é gestão financeira: como ganho, como gasto, como faço para gastar melhor, como faço para caber tudo o que quero no meu bolso, como faço para atingir meus compromissos financeiros, como faço para sair do endividamento? Tudo isso é gestão. É como se fosse uma empresa, só que levado para as pessoas. A técnica, inclusive, é mais simples, só que temos as emoções. Tem até uma área, finanças comportamentais, que estuda a relação do homem com o dinheiro. Dois estudiosos [o psicólogo Daniel Kahneman e o economista Vernon Smith] ganharam o Nobel da Economia em 2002 provando que todo mundo é muito parecido na relação com o dinheiro.

Ricos também têm uma relação não saudável com o dinheiro?
Com certeza. Grau de instrução e faixa de renda não têm nada a ver. A gente vê pessoas bem humildes que têm uma ótima relação com o dinheiro. Quem tem boa relação com o dinheiro é quem consegue viver dentro do orçamento, tem disciplina de conseguir poupar um pouco e não é um avaro. E para tudo isso tem que ter aptidão para lidar com o dinheiro, e só 20% da população brasileira se enquadra nesse perfil.  Se a pessoa tem técnicas e métodos, claro que esse quadro melhora.

Annalisa estará no meeting DoFit com a palestra:
Educação Financeira: Faça seu dinheiro trabalhar para você

Fonte: https://ndonline.com.br/florianopolis/noticias/educacao-financeira-especialista-aponta-erros-dos-brasileiros-quando-o-assunto-e-poupar-dinheiro

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