O mundo moderno trouxe várias facilidades para simplificar o nosso cotidiano, o que teoricamente nos daria mais tempo para realizar todas nossas tarefas diárias, inclusive a prática do exercício físico. Porém, o tempo é visto, por muitos, como um artigo de luxo, e a falta dele tem se tornado numa das desculpas mais utilizadas para a não realização de diversas atividades, que deveriam fazer parte de uma vida saudável. É comum escutar argumentos de pessoas sedentárias sobre a impossibilidade de reservar 1 ou 2 horas por dia para a realização de execícios. No entanto, tanto por experiência profissional quanto por senso comum, percebo que essa desculpa geralmente não possui fundamento, e que, na maioria dos casos, o principal culpado é o desinteresse da pessoa.
A reserva do tempo para cuidar da saúde pode ser entendida como um bom investimento, já que, caso isso não aconteça, é possível – e bem provável – que as pessoas percam muito mais tempo para cuidar de doenças e outras complicações, no futuro.
Ao tratarmos sobre a questão do tempo de permanência na academia, ou onde for que o exercício físico estiver sendo praticado, a busca por uma orientação profissional pode realmente fazer toda a diferença. Portanto, hoje iremos aprender sobre um método que economiza tempo e promove resultados tão bons quanto os tradicionais, apesar de consistir numa abordagem um pouco mais intensa.
O nome desse método é circuit training ou “treino em circuito”. Esse tipo de treinamento teve origem na Inglaterra, em 1953, por Morgan R. E. e Adamson G. T., a partir da adaptação do treinamento intervalado que se deu devido às dificuldades climáticas na Europa (TUBINO; MOREIRA, 2003). Ele consiste em uma seqüência de exercícios (estações) executados um após o outro, com um mínimo de descanso entre eles, podendo ser realizado nos aparelhos de musculação (FLECK; KRAEMER, 2006).O método pode ser identificado na literatura brasileira como “circuito de musculação” ou “circuito de pesos”, e em inglês, como “circuit training” ou “circuit weight training”.
O circuito é um método de treinamento físico que não treina especificamente uma capacidade física em seu grau máximo e, sim, apresenta uma característica generalizada, mostrando resultados tanto na preparação cardiorespiratória como a neuromuscular (DANTAS, 2003; TUBINO; MOREIRA, 2003). Suas vantagens recaem principalmente sobre três esferas: a atividade cardiovascular, o tempo e a perda de gordura. Quando comparado ao treino de musculação tradicional, o circuito proporciona um aumento moderado da capacidade cardiovascular, exige menos tempo para a sua realização devido ao descanso reduzido (ou inexistente) entre as séries, e ainda possibilita otimização sobre a perda de gordura.
As pessoas com sobrepeso, ao se submeterem a exercícios mais intensos, como a corrida, podem sobrecarregar suas articulações, caso estas não estejam preparadas a suportar exercícios mais intensos e cíclicos. Isso pode gerar, entre outras doenças articulares, a osteoartrite nas mais diversas articulações, o que poderia causar dor, limitar a amplitude dos movimentos e reduzir o número de opções viáveis de exercícios (POSTON; SUMINSKI; FOREYT, 2003). Indivíduos com sobrepeso representam um risco maior de desenvolver doenças ortopédicas (ACSM, 2000a). Nesse caso, a prática do treinamento de força parece ser um método de treinamento eficiente, tendo o intuito de fortalecer os músculos esqueléticos e, assim, diminuir o risco de lesões por impacto, bem como aumentar o gasto calórico (ACSM, 2002; GUEDES; GUEDES, 1998).
Sendo assim, o treinamento de força em circuito pode ser um método útil e eficiente para atender as pessoas que desejem a perda ou controle do peso corporal com segurança, evitando riscos à saúde.
Em um determinado estudo, homens treinados voluntários foram divididos em dois grupos: um deles realizou exercícios seguindo um treino tradicional, e o outro, em circuito. O grupo tradicional fez o mesmo número de exercícios do que o outro, embora intervalados em 3 min, enquanto o tempo de descanso do grupo do treino em circuito foi de apenas 35 seg. Os resultados foram surpreendentes: com apenas 35 segundos de descanso, o grupo de treino em circuito obteve os mesmos ganhos de potência e de força em comparação ao grupo de treino tradicional.
Pôde-se observar uma diminuição do porcentual de gordura corporal, assim como um aumento da massa muscular, em ambos os grupos. No entanto, a diminuição da gordura corporal só foi significativa no grupo de treino em circuito. Ambos grupos obtiveram melhorias nos testes aeróbicos e anaeróbicos. Mesmo assim, o mais incrível dos resultados ainda há de ser a obtenção de todos esses resultados em um tempo menor de estímulo.
Os treinos em circuitos são mais dinâmicos e permitem que o indivíduo experimente diferentes tipos de exercícios – de musculação, corrida, ciclismo, step, ginástica, entre outros –e utilize diversos materiais para a realização desses, como cones, arcos, bolas, elásticos, colchonetes, etc.
O número de exercícios, materiais utilizados e o tempo de execução de cada um serão determinados de acordo com os objetivos do atleta, sua modalidade e seu nível de condicionamento físico – sempre sob orientação de um bom profissional de educação física!