Cifose – Um problema Pélvico ou Torácico?

De Chuck Wolf

Desvio da coluna vertebral (cifose) é um desequilíbrio muscular que provoca um arredondamento acima da região lombar (flexão da coluna lombar em relação à pélvis), aumento do ombro arredondado (flexão torácica) e inclinação da cabeça para frente (flexão cervical). Visto da perspectiva lateral, o cliente em pé estará com os ombros para frente, uma vez que há uma redução na lordose lombar e cervical, um aumento na flexão torácica ou cifose, abdução do ombro e da escápula (protração) e uma pelve relativamente inclinada posteriormente. A abordagem tradicional sobre o alongamento da área do ombro anterior e do fortalecimento da região posterior é só parte da solução. A partir de uma reação biomecânica, quando a coluna torácica superior torna-se ainda mais flexionada, a coluna cervical e lombar serão flexionadas e a pélvis irá inclinar posteriormente. Ou, quando a pélvis inclinar posteriormente, a coluna lombar irá flexionar, a coluna torácica irá mais ainda, a coluna cervical reduzirá a lordose e a cabeça inclinará para frente e para baixo. Em quase todos os casos essa reação irá ocorrer.

Um breve olhar sobre a Reação da coluna com as mudanças pélvicas

Vamos rapidamente analisar como a pélvis pode afetar a posição da coluna vertebral.
Em primeiro lugar, fique com os pés sob a largura do quadril em uma posição bilateral neutra, assim como indicada na Foto 1.
Agora imagine sua cabeça alcançando o céu. Mantenha-se reto a partir do trocanter maior do fêmur até o topo da cabeça, evitando olhar para cima.

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Foto 1
Coloque a parte de trás da mão na coluna lombar. Tipicamente, deve haver uma curva lordótica natural na coluna lombar e a cabeça deve estar na posição vertical com uma lordose natural na coluna cervical. (consulte a foto 2)

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Foto 2
Observe como a coluna lombar é relativamente estendida à pélvis e a inclinação anterior concomitante relativa da pelve à coluna. Pode ser útil observar a partir da visão lateral.
Em seguida, rode os ombros (protração escapular) e observe como a coluna lombar flexiona, o aumento da flexão torácica, a perda da extensão cervical e o deslocamento da cabeça para frente e para baixo. Também note a posição da pélvis inclinada posteriormente na espinha lombar. Isso é, muitas vezes, o alinhamento postural de muitos de nossos clientes. (confira a foto 3)

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Photo 3
Por um momento, imagine que você está andando no lugar daqueles que têm cifose. Imagine as tensões físicas nos corpos deles. Siga o profissional da saúde e fitness que diz a eles para ficarem em pé com os ombros puxados para trás. Há um grande esforço para seguir o conselho, mas uma tensão adicional foi acrescentada por conta da cintura escapular aduzida (essa tensão adicional e uma inclinação pélvica posterior sem solução). Eles agora têm um conflito de compressão abrupta na junção toracolombar. Isso é porque a pélvis tem uma posição de flexão relativa com a coluna lombar e a coluna torácica distal começa a estender na junção toracolombar perto dessa flexão. Note que a pélvis é inclinada posteriormente à coluna lombar.

Crie um ambiente para que o cliente tenha sucesso

 

Para melhorar a condição cifótica, nós devemos criar um ambiente de sucesso para o nosso cliente. Para que isso ocorra naturalmente e funcionalmente, a pélvis deve ser relativamente inclinada anteriormente à coluna lombar, criando, assim, uma extensão lombar. Para alcançar isso, posicione o cliente em um lunge posterior com a perna direita (consulte a foto 4). Certifique-se que o calcanhar direito permanece no chão. Observe como a pélvis direita é inclinada anteriormente à coluna lombar. Coloque as costas da sua mão na coluna lombar e observe o aumento da lordose lombar. Para melhorar a postura da cintura escapular, estenda o braço esquerdo enquanto ele é abduzido aproximadamente 15 graus acima da cintura. Observe como esse padrão de movimento cria uma reação escapular (adução) da escápula esquerda e da extensão da coluna torácica. A coluna lombar ganha relativa lordose e a coluna cervical melhora sua lordose enquanto a cabeça recua, resultando, assim, em uma postura muito melhorada.

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Foto 4

Se desejar, faça a o cliente segurar um tubo de borracha para adicionar resistência enquanto ele estende o braço. Isso vai adicionar resistência aos músculos paraescapulares, ao ombro posterior e ao grande dorsal. Como uma alternativa funcional, use um haltere na mão esquerda, flexione para frente a partir da cintura e coloque o braço esquerdo anteriormente à altura da cintura ou do joelho (ver foto 5).

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Foto 5 Foto 6

Em seguida estenda o tronco para trás e coloque o braço para trás, enquanto faz uma leve abdução na altura da cintura (consulte a foto 6). Isso irá criar uma reação escapular e ajudará a fortalecer posteriormente a cintura escapular e as costas. A justificativa para a flexão para frente é permitir aos músculos posteriores que se submetam a um alongamento ou pré-carga. Quando os músculos movem-se através da fase de pré-carga, eles contraem excentricamente para desacelerar o movimento para frente. Fisiologicamente, os tecidos carregados excentricamente reservam aproximadamente de 3 a 9 vezes mais energia do que a ação de descarregamento concêntrica. Sempre que realizarmos qualquer padrão de movimento eficiente, o tecido do músculo se move através de uma pré-carga, em uma fase de alongamento (excêntrica), de estabilização, e então, para uma fase de descarregamento, a de encurtamento (concêntrica). Nesse caso, os músculos posteriores alongam na fase de pré-carga e passam por um momento de estabilização pouco antes de mudar de direção. Isso ocorre quando estendemos de volta através do quadril e voltamos enquanto estendemos nosso braço com um alcance posterior.
Para obter os melhores resultados, faça seu cliente executar 2-3 séries de 10-15 repetições e repita no lado oposto. Certifique-se de mudar a posição das pernas para visar ambos os lados das costas. Dessa forma, conseguimos criar funcionalmente um ambiente de sucesso para melhorar a postura.

Melhorar a postura através de caminhos de flexibilidade

 

A mesma posição de lunge posterior pode ser usada ao alongar o aspecto anterior do cliente com cifose. Por favor, use todas as fotos do final deste artigo como guia. No entanto, o alongamento pode ser combinado com padrões de movimento e criar uma “carga/descarga” tanto para a cadeia anterior quanto para a posterior.

Quando executar o alongamento anterior para um caminho de flexibilidade, o cliente será capaz de alongar as estruturas miofasciais do flexor da panturrilha e do quadril do mesmo lado. O tecido do flexor do quadril é fascialmente conectado ao da fáscia abdominal, o qual se conecta com os oblíquos externos, que se conecta com os peitorais e, por último, com os deltoides. Se você começar a avaliar, o corpo é intrinsecamente ligado às articulações distais e os tecidos às articulações proximais e tecidos de um lado ao outro da matriz miofascial.

 

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Flexibilidade lateral Flexibilidade anterior “X-Factor” anterior

Quando executar o alongamento lateral para um caminho de flexibilidade, o cliente será capaz de alongar os músculos da parte lateral do tronco, os músculos da perna, a banda iliotibial, o tensor da fáscia lata, a região glútea lateral, o quadrado lombar, o complexo oblíquo, o grande dorsal e a musculatura do ombro. Isso é necessário para permitir que o tecido anterior que liga estruturas reduza a tensão fascial lateral para possibilitar um movimento eficiente.

Quando executar o alongamento anterior “X-factor”, é essencial ser capaz de esticar o flexor e abdutor do quadril oposto e o complexo do ombro anterior oposto. Essas regiões são conectadas ao longo do tecido fascial através de abdominais e oblíquos. Quando a fascia é tensionada ao longo desse caminho diagonal, ela pode inibir movimentos de rotação e de extensão e contribuir para a postura cifótica. Ao exibir as estruturas do tecido e das ações desses três caminhos de flexibilidade, o profissional fitness será capaz de superar que cifose não é estritamente uma questão de plano sagital, mas um resultado triplano de tensão do tecido.

Utilizar uma estratégia para impactar os três planos de movimento irá criar um ambiente para o sucesso do cliente para melhorar a postura. É importante notar que os três caminhos para flexibilidade são apenas parte da solução; os outros seis caminhos precisam ser considerados quando quiser se aproximar de um plano abrangente para melhorar a postura cifótica. Você pode ler mais sobre “Caminhos para flexibilidade” no artigo “Caminho para flexibilidade: um roteiro para melhorar o desempenho”, escrito por este autor. Pode ser acessado na seção de artigos no site PTontheNEt.

Referências

  1. Chain Reaction Explosion Seminar, Wynn Marketing, Adrian, Michigan, 2001
  2. Carlsoo, Sven, How Man Moves, 1972, London, William Heinemann Ltd.
  3. Clark, M.A., “Integrated Flexibility Training”, Thousand Oaks, Ca., National Academy of Sports Medicine, 2001
  4. Dykyj, Daria, Ph.D., “Anatomy of Motion”, Clinics in Podiatric Medicine and Surgery, July 1988, Vol. 5, No. 3
  5. Inman, Verne, Human Walking, Williams & Wilkins, 1981
  6. Schamberger, Wolf, The Malalignment Syndrome”, Churchill Livingstone, 2002
  7. Wolf, Chuck, “Flexibility Highways”, 2003
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