Pergunta:
Você poderia, por favor, oferecer algumas sugestões sobre treinar pessoas com hérnias L4 e L5? Tenho um cliente que tem uma série de problemas, mas o mais acentuado deles é a hérnia L4 e L5. Além disso, quando criança, ele passou por uma cirurgia abdominal. A incisão foi semelhante à utilizada para a cesariana. Portanto, ele tem uma inclinação pélvica constante, o que acrescenta uma dor a suas costas. Ah, ele é aproximadamente 22 kg acima do peso. Socorro!
Resposta:
Esta é uma questão complexa, e para que soe simples será necessário dar espaço as debilidades da indústria do exercício. Vou dar algumas indicações gerais, mas o que é mais importante é que você estude os materiais relevantes. De acordo com Serge Gracovetsky, Ph.D, cerca de 76% da população em geral – que atualmente não tem dor nas costas – tem uma protuberância no disco não diagnosticada (hérnia por exemplo). O ponto é: qualquer treinador em uma academia sem conhecimento significante de como exercitar corretamente para prevenir estresse desnecessário no disco ou para gerenciar uma condição existente está, em certo sentido, trabalhando em um campo minado. A condição acima que você descreveu no seu cliente é a lesão ortopédica mais comum hoje em dia.
Algumas indicações clínicas para esse tipo de cliente/paciente (na verdade, alguém com uma lesão é um paciente!):
- Quanto mais da parte de trás o cliente tem sintomas (dor, dormência, formigamento, fraqueza motora, alterações de circulação/temperatura, perda de cabelo, alterações tróficas na pele e unhas, etc.), maior será a magnitude da lesão e mais cuidadoso terá de ser! Se o corpo tem uma mudança (ombros lateralmente à pélvica), a condição é significativamente maior em magnitude, e nenhuma tentativa de exercício ou centralização no plano sagital deve ser feita até que o deslocamento seja corrigido. Ao trabalhar com um desses clientes, sempre comece a sessão pedindo a ele para avaliar o grau de sua dor ou sintomas em uma escala até 10 (por exemplo: “Minha dor é atualmente 7/10.”). Se as dores ou sintomas aumentarem em qualquer lugar periférico ao segmento da lesão, como no quadril, joelho, pé ou tornozelo, você está fazendo a condição piorar e deve parar tal processo imediatamente!
- Se a sua abordagem está causando os sintomas nas pernas reduzirem, isso é bom. É comum que a dor fique pior no segmento lesado uma vez que diminuiu em regiões mais distantes. Esse evento é chamado de “centralização”.
- A abordagem mais segura e mais comum para essa condição é o método mckenzie inclinado, que é basicamente como executar uma flexão, mas deixando sua parte inferior o mais relaxado possível. Como seu cliente empurra sua parte superior do corpo para cima, arqueando sua parte inferior das costas em uma lordose exagerada, é importante que ele:
- Não tensione os músculos dos glúteos ou da coluna vertebral
- Expire
- Permita que a cabeça e o pescoço estendam-se naturalmente com o resto da coluna. Não permita que o cliente olhe para baixo.
- Vá para uma posição de alcance final que seja inconfortável, mas só terapeuticamente assim. Forçar a posição de alcance final pode fazer com que o arqueamento seja pior se forçado, mas não chegar alto o suficiente trará maus resultados.
- Mantenha-o na posição estendida durante o tempo que ele conseguir, descendo quando ele precisar inalar.
- Faça 10 repetições a cada hora ou conforme necessário para controlar os sintomas como a dor e a periferização (passando para longe da coluna).
- Evite qualquer carga axial da coluna vertebral com seus exercícios até que você tenha uma avaliação realizada compreensivamente. Qualquer C.H.E.K nível 1 ou maior é treinado para realizar uma avaliação abrangente desta condição e pode treinar você e o seu cliente sobre o que deve ser feito exatamente para restaurar a função! A bola suíça é seu método de escolha para tal cliente. Recomendo uma avaliação qualificada para excluir quaisquer exercícios que possam descentralizar o disco.
- Seu cliente vai precisar do seguinte para recuperar corretamente a função:
- Um programa de alongamento de correção que tenha como alvo todos os músculos tônicos que diminuíram (em facilitação).
- Um programa de mobilização conjunta corretiva para qualquer região de restrição em toda a cadeia cinética; a lesão nas costas é geralmente uma lesão de decomposição, isso significa que as costas estão compensando outros problemas e não podem mais suportar o estresse causado pelo abaulamento discal.
- Um programa compreensivo de exercício corretivo com todas as precauções necessárias tomadas para evitar o agravamento da lesão no disco.
- Uma avaliação da ergonomia do cliente em casa e no trabalho.
5. Uma avaliação dos dados da dieta e do estilo de vida do cliente; eles influenciam dramaticamente a taxa de cura!
Recursos sugeridos:
- Eu realmente sugiro que você leia o livro “Trate você mesmo a sua coluna” de Robin McKenzie. Você e seu cliente deveriam estudá-lo cuidadosamente.
- Muitas informações vitais estão disponíveis para você nos meus programas chamados Scientific Core Conditioning e Scientific Back Training. Nesses programas, você encontrará alguns testes necessários e procedimentos corretivos.
- Eu produzi dois artigos que irão beneficiar você: “10 Dicas para costas saudáveis” vai mostrar ao seu cliente como lidar com uma lesão aguda nas costas na fase de cura (leva cerca de 500 dias para a maioria das lesões de disco estabilizarem totalmente sob orientação correta de um profissional qualificado) e “10 Dicas para um local de trabalho saudável” irá propor ao seu cliente como adequar propriamente sua mesa ou estação de trabalho para evitar problemas ergonômicos na sua coluna vertebral lesionada. (esses artigos estão disponíveis no site C.H.E.K Institute).
- Eu sugiro que você leia minha série de artigos em PtontheNet.com chamado Formação de equilíbrio científico (Scientific Balance Training) e tenha uma atenção especial na seção sobre o Totem de Sobrevivência (Survival Totem Pole). Você terá uma ideia de todos os sistemas do corpo que pode usar as costas para compensar o mau funcionamento, levando a uma lesão de disco como um indicador de descompensação – o corpo está desgastado desse mecanismo compensatório -. Sugiro também que você leia a terceira parte da série do artigo chamado Costas fortes e Sem cinto (Back Strong and Beltless) também em PTontheNet.com, porque irá melhorar a sua compreensão dos mecanismos de estabilização da coluna vertebral e da anatomia funcional, assim como os abusos comuns de correias e o uso adequado delas (como o corset lombar, quando necessário, não um cinto de lastro).
Espero que você ache essa informação útil, e sugiro que você tire proveito desta experiência de aprendizagem de modo que você possa se preparar para um futuro de mais do mesmo! Uma vez que você aprenda a realizar uma avaliação ortopédica qualificada, você ficará surpreso ao descobrir que tanto a academia quanto sua própria clientela são, provavelmente, repletas de lesões no disco e outros problemas na coluna que têm sido mal administrados ou diagnosticados. Isso o chocará um pouco quando você perceber o perigo a que muitos treinadores expõem seus clientes por ignorância.