LINHAS SUPERFICIAIS E A BOA POSTURA

Por Bruno Aldenucci

Um grande avanço para terapeutas manuais e profissionais do movimento foi a descoberta dos trilhos anatômicos. Descrito por Thomas Myers os trilhos anatômicos são linhas que percorrem por nosso corpo e exercem funções importantes para manutenção da postura e movimento. Basicamente as linhas são compostas por grupos musculares que parecem possuírem uma ligação fascial entre si.

Ao todo são 12 linhas descrita por Myers (2010), neste artigo falaremos sobre duas: a linha superficial anterior e a linha superficial posterior.

Linha Superficial Posterior: essa linha começa na fáscia plantar segue pelo tendão aquileu, é contínua nos músculos gastrocnêmios e isquiotibiais. Faz uma ligação com o tronco através do ligamento sacrotuberal, sobe por toda a coluna vertebral e termina na fascia epicranial (testa).

 

Linha Superficial Anterior: começa nos extensores curto e longo segue pelo tibial anterior, tendão subpatelar, quadríceps, reto abdominal, fascia esternocostal, esternocleidomastoideo, e termina na fáscia do couro cabeludo.

 

Esses dois trilhos atuam para manter a postura ereta. Qualquer disfunção (contratura, fraqueza, encurtamento) de algum músculo que faz parte de uma dessas linhas pode desencadear uma alteração postural significativa. Alterações posturais podem acarretar em compensações durante a prática de exercícios físicos, bem como outras possíveis lesões e dores.

A liberação miofascial é uma ferramenta importante e muito bem-vinda na preparação do movimento. Qualquer alteração que haja nessas linhas, pode ser desfeita com um simples trabalho de liberação miofascial no início de uma prática de exercícios. Ganha-se mobilidade, harmoniosidade entre as linhas LSP e LSA e consequentemente um movimento mais fluido, produtivo e correto.

 

Como identificar alterações nas linhas?

Redução da flexão plantar, hiperextensão dos joelhos, projeção da cabeça e inclinação pélvica, são achados que podemos observar facilmente em uma avaliação postural, que pode nos indicar tensionamento excessivo da LSA e relaxamento excessivo da LSP.

Realizar uma sessão de exercícios com essas alterações pode ser desfavorável. O praticante pode desenvolver lesões de ligamento cruzado posterior devido a hiperextensão dos joelhos, sobrecarga nas vértebras cervicais pela projeção da cabeça, que possivelmente no futuro irá desencadear discopatias. Ainda pode haver uma tensão exagerada e encurtamento de flexores de quadril que favorece a inclinação pélvica e consequentemente inibição recíproca dos extensores de quadril. Flexores e extensores desequilibrados provocam alteração da lordose fisiológica lombar sobrecarregando essa região.

Trabalho Corretivo: se for realizado uma avaliação minuciosa é possível identificar quais as principais regiões a serem trabalhadas. Isso pode levar a uma intervenção mais assertiva com otimização do tempo da sessão. Mas na maioria das vezes uma disfunção já foi compensada por uma outra região, desencadeando mais do que uma simples alteração local. Dessa forma Myers diz que o trabalho corretivo deve ser realizado em todo trilho.

Esse trabalho pode ser uma simples liberação miofascial das regiões tensionadas. E ainda mais, pode ser feito em ambas as linhas. Estudos mostram que a LM possui efeito significativos no ganho de mobilidade sem prejudicar a performance muscular (Mohr et al, 2014; Healey et al, 2013)

Quanto aos protocolos utilizados, ainda não há um consenso na literatura. A maioria das pesquisas realizadas com foam roller utilizam 30 segundos por grupo muscular (Cheatham et al, 2015). Mais estudos são necessários para estipularmos protocolos mais precisos de LM. Por enquanto continue “rolando” seus alunos com objetividade, que os resultados aparecerão.

MYERS, T. Trilho Anatômicos: meridianos miofasciais para terapeutas manuais e do movimento. Elsevier, São Paulo: 2010.

HEALEY, KC et al. The Effects of Myofascial Release With Foam Rolling on Performance. Journal of Strength and Conditioning Research. 2013.

MOHR, AR et al. Effect of Foam Rolling and Static Stretch on Passive Hip-Flexion Range of Motion. Journal of Sport Rehabilitation, 2014.

CHEATHAM, SW et al. The Effects of Self-Myofascial Release Using a Foam Rollo r Roller Massager on Joint Reange of Motion, Muscle Recovery, and Performance: a Systematic Review. The International Journal of Sports Physical Therapy, 2015.

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